20080220


Henri Cartier Bresson
Quero dormir durante

vinte anos

e ir acordando

a meio da noite.
"De um livro o início ao fim, o todo como o visualizamos conceptualmente, de pouco vale à obra de Vian. "Outono em Pequim" é lido para nos deixar navegando. Para nos tornarmos irreconhecíveis aos nossos, o hoje ao amanhã, a genealogia da presença e a lógica dos factos. Vian lê-se porque à partida deveremos ter presente que, as intermináveis tentativas serão de louvar, que a ordem de ideias atingida é possivelmente decomposta, isolada, ironizada. Uma determinada forma de nós não nos cinge em relação associativa, seremos pois, o ridículo do que escondemos, e na leitura de "Outono em Pequim" todos os embaraços se expõem à prova de uma total indiscrição, salvaguarda contra o óbvio. E aí se espraia o intento de Boris Vian, desmantelador ilógico e livre anexo da moral, faz brincar os personagens como se a vida reportada aos factos se iludisse a si mesma, e talvez este intento seja, na verdade, o mais crítico e construtuvista dos valores, onde o óbvio desaparece para libertar da segurança sistemática que o código desses mesmos valores impõe, o Homem certo e capaz de se retroceder analiticamente, sem se tomar por louco. O óbvio é um hábito facilmente adquirido, tal como a sanidade."